terça-feira, 23 de outubro de 2007

Falando de Psy: A Relação Psicoterápica

Muito me satisfaz pensar na relação psicoterápica como uma via de mão dupla. Retirar o ‘paciente’ do lugar de simples objeto e elevá-lo a condição de pessoa e sujeito é o que espero de qualquer tratamento terapêutico. Nos formamos psicólogos e nada pode justificar uma conduta que se aproxime da médica, caracterizada pela unidirecionalidade e pelo poder do saber.

Quando lidamos com Psicologia estamos diante da possibilidade inevitável de esbarrar nas escórias do homem, tudo aquilo que muitas vezes não vemos – como os sentimentos, as emoções. Isso é uma grande responsabilidade, e para tal devemos nos preparar e nos armar com teorias e técnicas. Mas, em contrapartida, essa mesma responsabilidade nos dá a liberdade de não estarmos presos ao sistema. Acredito não ser possível tratar a subjetividade humana com a simples objetividade científica. Assim, descobrir bem mais do que padrões e regras nos possibilita ir além.

Isso ganha mais importância quando reconhecemos o sujeito como um ser que muda no mundo, que não é estático, que está em transição e evolução, mediado por relações e interações constantes. Pensar dessa maneira nos permite colocar o ‘paciente-cliente’, sustentado pela fala e pela comunicação, acima do sistema.

Vivemos numa época totalmente tomada pela mídia, estamos diante do caos da comunicação. Mas em algum momento perdeu-se o verdadeiro sentido da fala, a real significação das palavras, a valorização de um diálogo, e, infelizmente, tudo muitas vezes se apresenta de forma abstrata e até inóspita. Nessa forma de interação do homem a relação psicoterápica se vê, não só necessária, mas imersa na intensa busca do ser humano de falar e ser ouvido. Assim, considerar o contato, a expressão, a relação e a existência humana eleva qualquer forma de tratamento psicoterápico.

Muito mais humano é privilegiar o ser no mundo do que continuamente vivermos aprisionados na falsa liberdade que nos enclausura em regras, modelos e padrões. Passando por esses ideais e considerando as peculiaridades do homem, a relação psicoterápica ganha muito mais força e validade.

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